domingo, 28 de dezembro de 2008
Afonso's Day
(E, just for the record, consegui chegar a um computador com net com risco da própria vida!)
(ln)
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Até Janeiro!
“É tarde já, vão sendo horas – horas de quê? De nada. De existir. De olhar ainda a luz, a vida . De absorver em mim o universo e levá-lo comigo sem nada desperdiçar. De exercer o ouvido enquanto ouve, os olhos, o corpo inteiro para que nada fique dele sem se cumprir. De encher os bolsos de tudo o que se me dá ou sonhar mesmo o que me não deram e não deixar perder nada por distracção. De dizer a palavra vida e tudo nela florir logo na sua existência. (...). A luz, a luz. (...) Não é a luz sumarenta do Outono ou a luz pesada do Verão. É uma luz nítida e ainda fria dos gelos do Inverno. Recorta as coisas pelo seu limite a elas emergem inteiras do seu ser. Essencialidade da vida, é a altura de lavarmos nela as mãos e olhar. Entender aí a nossa relação com elas e sermos nós também na inteireza do que somos. Aprender a ver o mundo na sua estrita realidade sem um ver que nos cegue como o fogo do Verão e a moleza outonal. Aprender o limite do excesso de nós para conhecermos a alegria que nos não cansa ou a melancolia que tem pacto feito com a morte. Existir uma vez ainda no recomeço de existir. E saudar a vida ainda, como se pela primeira vez.“
Vergílio Ferreira (Escrever, 20/314)
LN
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Parabéns e tal
Joanita,
Cá vem o DàC dar virtualmente um abraço de parabéns e desejar um ano repleto de coisas boas** para a pitufa aniversariante do dia!
**Por "coisas boas" entendam-se, em enumeração meramente exemplificativa: amigos, família, gins ao final da tarde, viagens, livros, gargalhadas sonoras e cheias de vontade, fofocas, jantares com bom vinho, sol a obrigar a semicerrar os olhos, lareiras, vento a pedir abraços, palcos, aulas de dança em boa companhia ;-). Ah, e poucas chatices com a Segurança Social, para compensar o dia de hoje.
(LN)
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Réplica
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida"
(Sérgio Godinho, O primeiro dia)
Boas Festas....
(LN)
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Rescaldo
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Irra para as 4038 marcações de jantares de Natal
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
................................................
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães,
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em rancho pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava,
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
In "O Guardador de Rebanhos" de Alberto Caeiro
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Em directo para a TVI...
Em dia de Festa do Vinho Verde, Joana Felgueiras, em directo para a TVI, a partir do Mosteiro de Pombeiro (PR1 Felgueiras)
(lbc)
Marcado o dia de ensaios
Até lá, chama-se a especial atenção de todos para a participação do grupo nas comemorações do dia da FDUP a 12 de Dezembro.
(ln)
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Urbanitas - núcelo de pedestrianismo do dÀc (3)
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Workshop de dia 15 de Novembro
(ln)
Nota: levar roupa de trabalho, quentinha e confortável, com sapatilhas leves ou meias.
Formadora dixit...
(lbc)
Imagens do PR2
Hoje quero partilhar convosco as imagens da nossa mascote do 2º passeio pedestre em Amarante.
Chamamos-lhe Jacinto.
Foi um dia cansativo (muito, extremamente, extraordinariamente...) mas o passeio (12km monte acima/monte abaixo) valeu a pena!
(lbc)
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Urbanitas - núcelo de pedestrianismo do dÀc (2)
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Urbanitas - núcelo de pedestrianismo do dÀc
Local de encontro: 9h Praça Velasquez
Destino: Arouca PR13 - Covêlo de Paivô/Regoufe
Foi um dia fantástico!
Deixo-vos com as fotos.
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A descrição do passeio, do percurso invertido sem marcações, o Geoparque, o posto de turismo, o padre de Senhora do Monte, a canseira, a borga, as músicas cantaroladas, as vacas e restante bicheza, a queda da Inês, o cemitério, a menina Lúcia, a irmã Lúcia, o Beatle favorito, o PR14 (versão caminhante solitário), a invasão de propriedade, o par romântico, a merenda, o kit de primeiros-socorros do Afonso, a echarpe rosa choque e restante modelito da Joana (versão caminhante urbanita), a lua em quarto-crescente e outras aventuras mais, ficam para o nosso próximo encontro...
Já está na calha o próximo passeio.
Fiquem atentos!
Obrigada amigos por um dia perfeito.
(lbc)
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
O Mercador de Veneza
.
TEATRO NACIONAL DE SÃO JOÃO
7-23 de Novembro de 2008
Terça a Sábado: 21h30
Domingo: 16h
de
William Shakespeare
tradução
Daniel Jonas
encenação
Ricardo Pais
interpretação
Albano Jerónimo, António Durães, João Castro, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Luís Araújo, Micaela Cardoso, Paulo Freixinho, Pedro Almendra, Pedro Frias, Sara Carinhas e David Santos, Pedro Ribeiro
.
Quem se anima?
Há desconto para o grupo de teatro.
Sugestão: marcar já para não perder pitada...
(lbc)
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Nao desgosto...
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Estados Eróticos Imediatos de Soren Kierkegaard
1. Texto que oscila entre trechos pontualmente muito bons e outros q.b. boring.
2. Sem grande evidência de encenação.
3. Interpretações sem grande nota de especial: algumas mesmo abaixo do que seria de esperar, como por exemplo no caso de Regina.
4. Alguns pormenores com piada no que respeita ao tirar partido de um espaço pequeno e despojado, aos adereços, ao guarda roupa.
5. Maquilhagem despropositada - e até se podia vislumbrar propósito no despropositado mas...não.
6. Não se sai a arrancar os cabelos - nem por ser demasiado mau, nem por ser demasiado bom.
7. Acho que tirava mais gozo da leitura do próprio Kierkegaard.
8. Não enche: vê-se. Tout court.
LN
PS Estava por lá o nosso amigo. Mesma camisa. Mesmas calças. Julgo que já é diferente o saco de plástico.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Sobre Fernando Pessoa
Era um homem que sabia idiomas e fazia versos. Ganhou o pão e o vinho pondo palavras no lugar de palavras, fez versos como os versos se fazem, como se fosse a primeira vez. Começou por se chamar Fernando, pessoa como toda a gente. Um dia lembrou-se de anunciar o aparecimento iminente de um super-Camões, um camões muito maior que o antigo, mas, sendo uma pessoa conhecidamente discreta, que soía andar pelos Douradores de gabardina clara, gravata de lacinho e chapéu sem plumas, não disse que o super-Camões era ele próprio. Afinal, um super-Camões não vai além de ser um camões maior, e ele estava de reserva para ser Fernando Pessoas, fenómeno nunca visto antes em Portugal. Naturalmente, a sua vida era feita de dias, e dos dias sabemos nós que são iguais mas não se repetem, por isso não surpreende que em um desses, ao passar Fernando diante de um espelho, nele tivesse percebido, de relance, outra pessoa. Pensou que havia sido mais uma ilusão de óptica, das que sempre estão a acontecer sem que lhes prestemos atenção, ou que o último copo de aguardente lhe assentara mal no fígado e na cabeça, mas, à cautela, deu um passo atrás para confirmar se, como é voz corrente, os espelhos não se enganam quando mostram. Pelo menos este tinha-se enganado: havia um homem a olhar de dentro do espelho, e esse homem não era Fernando Pessoa. Era até um pouco mais baixo, tinha a cara a puxar para o moreno, toda ela rapada. Com um movimento inconsciente, Fernando levou a mão ao lábio superior, depois respirou fundo com infantil alívio, o bigode estava lá. Muita coisa se pode esperar de figuras que apareçam nos espelhos, menos que falem. E porque estes, Fernando e a imagem que não era a sua, não iriam ficar ali eternamente a olhar-se, Fernando Pessoa disse: “Chamo-me Ricardo Reis”. O outro sorriu, assentiu com a cabeça e desapareceu. Durante um momento, o espelho ficou vazio, nu, mas logo a seguir outra imagem surgiu, a de um homem magro, pálido, com aspecto de quem não vai ter muita vida para viver. A Fernando pareceu-lhe que este deveria ter sido o primeiro, porém não fez qualquer comentário, só disse: “Chamo-me Alberto Caeiro”. O outro não sorriu, acenou apenas, frouxamente, concordando, e foi-se embora. Fernando Pessoa deixou-se ficar à espera, sempre tinha ouvido dizer que não há duas sem três. A terceira figura tardou uns segundos, era um homem daqueles que exibem saúde para dar e vender, com o ar inconfundível de engenheiro diplomado em Inglaterra. Fernando disse: “Chamo-me Álvaro de Campos”, mas desta vez não esperou que a imagem desaparecesse do espelho, afastou-se ele, provavelmente tinha-se cansado de ter sido tantos em tão pouco tempo. Nessa noite, madrugada alta, Fernando Pessoa acordou a pensar se o tal Álvaro de Campos teria ficado no espelho. Levantou-se, e o que estava lá era a sua própria cara. Disse então: “Chamo-me Bernardo Soares”, e voltou para a cama. Foi depois destes nomes e alguns mais que Fernando achou que era hora de ser também ele ridículo e escreveu as cartas de amor mais ridículas do mundo. Quando já ia muito adiantado nos trabalhos de tradução e poesia, morreu. Os amigos diziam-lhe que tinha um grande futuro na sua frente, mas ele não deve ter acreditado, tanto assim que decidiu morrer injustamente na flor da idade, aos 47 anos, imagine-se. Um momento antes de acabar pediu que lhe dessem os óculos: “Dá-me os óculos” foram as suas últimas e formais palavras. Até hoje nunca ninguém se interessou por saber para que os queria ele, assim se vêm ignorando ou desprezando as últimas vontades dos moribundos, mas parece bastante plausível que a sua intenção fosse olhar-se num espelho para saber quem finalmente lá estava. Não lhe deu tempo a parca. Aliás, nem espelho havia no quarto. Este Fernando Pessoa nunca chegou a ter verdadeiramente a certeza de quem era, mas por causa dessa dúvida é que nós vamos conseguindo saber um pouco mais quem somos.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Novos membros
Os interessados podem (e devem!) enviar email para direitoacena@gmail.com
(LN)
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
com David Santos
Organização Tenda de Saias
David Santos Nasceu em 1983, no Porto. Tem a licenciatura em Teatro, pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE). Participou em peças encenadas por Ricardo Pais, João Pedro Vaz, Cláudia Marisa Oliveira, Maria Clemência, Denis Bernard, John Britton, Afonso Guerreiro, José Leitão e Gonçalo Amorim. Acompanhou a
preparação do espectáculo O Tio Vânia, de Anton Tchékhov, encenação de Nuno Carinhas, e das leituras encenadas …A Tua Mão na Minha, de Carol Rocamora, direcção cénica também da responsabilidade de Nuno Carinhas. Encenou a peça Deus, de Woody Allen, apresentada na sala preta da ESMAE, Festival de Teatro Universitário da
Corunha e no evento Serralves em Festa. Participou na produção do Fazer a Festa – Festival Internacional de Teatro, de 2001 a 2003. Foi actor em Debaixo do Pano, filme
de Tomás Baltazar. Desempenhou funções de assistente de encenação e apoio ao movimento em produções como a peça D. João, de Moliére, enc. Ricarado Pais, apoio ao
movimento no espectáculo Teatro Escasso, enc. António Durães, e Maria de Buenos Aires, enc. João Henriques (TNSJ, 2006) e O Café de Goldonni enc. Giorgio Corsetti
(TNSJ 2007/2008). Foi assistente de encenação e coreografia de A Little Madness in the Spring, enc. Giuseppi Frigenni (Produção Casa da Música). Dedicando-se ainda ao
ensino, à performance e à dança, tendo já participado em coreografias de Dieter Heitkamp, Ronit Ziv, Nik Hafner,André Guedes, Susana Queiroz, Paola Moreno e Sérgio Cruz.
Actualmente é encenador do grupo de Teatro 'Cenatório' da Universidade Lusíada e professor de Expressão Dramática na Escola Ginasiano e movimento para
actores no curso profissional de Teatro do Externato Delfim Ferreira. Já foi por duas vezes convidado a leccionar movimento para actores no curso de Teatro do C.I.T.A.C. – Coimbra e deu também seminários no Balleteatro sendo um
deles de Contacto Improvisação. Desde 2006 até à data presente que lecciona Contacto Improvisação e movimento para o elenco do Teatro Nacional São João. Com Dieter
Heitkamp, um dos actuais mestres Europeus do Contacto Improvisação, foi intérprete da sua Lecture-Performance 'Hautsache Bewegung' (Movimento da pele) apresentado
em Frankfurt am Main, Dusseldorf e Berlin. Realizou recentemente como coreógrafo/performer uma residência, que resultou no espectáculo Peak Leisure Park, com um colectivo de artistas inseridos no P.E.T._1 (Project ensemble
Tanzlabor 21) no Teatro Mousonturm em Frankfurt am Main.
Workshop de Introdução ao Contacto Improvisação
Este workshop servirá como uma primeira fase, introdutória a uma intenção de formação contínua (aulas regulares) de contacto improvisação divulgada pela
Associação Cultural Tenda de Saias e leccionada por David Santos na Fábrica da Rua da Alegria.
Esta primeira fase é um pequeno workshop ou uma primeira aula um pouco mais longa, em que vamos mergulhar nos princípios do contacto improvisação através de
visionamento de vídeos e prática in loco com o corpo e mente como um todo. A pluridimensionalidade desta prática desenvolve-se através de uma abordagem esférica sensorial de trabalho sobre o corpo na relação com os conceitos da física, da fisiologia e da visualização.
O treino do corpo aborda desde um trabalho mais sensorial ao aeróbico passando por técnicas associadas ao movimento contemporâneo, moderno, body mind centering,
técnica de Alexander, meditação entre outras abordagens holísticas ao serviço da prática do contacto improvisação.
Com uma perspectiva de continuidade podemos evoluir em conjunto com diferentes pares, lado a lado, num espaço de desenvolvimento de conhecimento técnico (know-how) de contacto improvisação até partilharmos um sentido de uma linguagem própria singular e comum. Desta forma, quando tivermos as conhecidas Jam´s de Contacto Improvisação poderemos sentir crescer de forma mais consciente, a
técnica disponibilidade/consciência do nosso corpo performático no cenário já presente à nossa volta que é o espaço físico que todos habitamos e os corpos que nos
rodeiam mas, potenciados a um novo nível de consciência.
O nosso subconsciente é muito mais rápido a percepcionar e reagir ao mundo que nos rodeia que o consciente. Mas é através da disciplina do consciente e do
corpo que liberamos e damos autonomia ao subconsciente para intervir junto do consciente.
É essencial ter-se prazer pelo movimento e pelo contacto com outro para realizar esta prática.
Destinatários: todos os interessados
Local: Fábrica da Rua da Alegria
Rua da Alegria nº341, 4000 Porto
Datas: 25 de Outubro de 2008 das 21h às 23h
26 de Outubro de 2008 das 15h às 19h
Limite de inscrições: limite mínimo de 10 pessoas/limite máximo de 16 pessoas
Inscrição: 35 euros
Amigos da Tenda: 24,5 euros
Notas: O prazo de inscrição termina a 22 de Outubro de 2008. Para fazer a sua inscrição preencha a folha em anexo e envie para tendadesaias@gmail.com. Posteriormente faremos a confirmação da sua inscrição via email para
poder fazer transferência bancária.
Desistências até ao dia 22 de Outubro implicam a
devolução de 50 % do valor pago.
Desistências a partir do 1º dia do workshop não
implicam qualquer tipo de devolução.
Próximas actividades da Tenda:
Aulas Semanais de Contacto Improvisação
orientação David Santos
Local: (ainda a definir)
Datas: todas as 2ª feiras das 21.30 às 23.30
a começar a 3 de Novembro de 2008
Inscrição: 30 euros mensais
Amigos da Tenda: 21 euros mensais
Jam Session de Contacto Improvisação : )
Datas: todos os últimos sábados de cada mês das 19h
às 21h a começar a 29 de Novembro de 2008
Local: (ainda a definir)
Sugestão de Tiago Vouga do TUP enviado para o direitoacena@gmail.com
(lbc)
ESTUDOS TEATRAIS
Estudos Teatrais 2009
Inscrições de 1 de Out. a 30 de Nov.
MÓDULOS DO CURSO:
- Módulo B (Glória Teixeira - U.Porto, Regina Redinha - U.Porto) - Direito
a) Fiscalidade, Gestão e Segurança Social.
b) Direito do Trabalho.
- Módulo C (Jorge Croce Rivera - U. Évora) - Verdade, representação e subjectividade.
- Módulo D (Armando Nascimento Rosa) - Imaginação Simbólica e Mitanálise em Teatro - Modos de comunicação teatral.
- Módulo E (José Manuel Martins - U. Évora) - Representação e realidade: O teatro de Pasolini entre o Enigma e o Mistério.
- Módulo F (Nuno Pinto Ribeiro) - O Mago, o Judeu e o Mouro: algumas projecções de mitos do Ocidente no drama de William Shakespeare e dramaturgos seus contemporâneos.
- Módulo G (Cristina Marinho) - Clássicos da literatura Europeia: Anfitriões.
- Módulo H (Awam Kapwa - U.NIorque) - Postcolonial Studies
General Topic - Drama and Ist Modernities
Program 1 - Colonial places, Postcolonial Spaces: The Politics of Drama and Performance;
Program 2 - Ethics and Subjectivity: Performance, Activism and Citizenship;
Program 3 - Drama, Performance and Inventions of Antiquity.
- Módulo I (Martin White - U.Bristol) - Performing Theatre History
a) Development of theatre history;
b) Theatre studies and performing studies;
c) Archives and documents;
d) Resuscitating and paste performance;
e) Enacting historical practices: documentation and dissemination.
DURAÇÃO: De Janeiro a Dezembro de 2009.
PREÇO:
O valor total da propina do curso é de 1250,00 euros.
O participante poderá, no entanto, optar por inscrever-se num único módulo, sendo os valores os seguintes:
• Módulo A - 200 Euros
• Módulo B - 200 Euros
• Módulo G - 200 Euros
• Módulo C - 150 Euros
• Módulo D - 150 Euros
• Módulo E - 150 Euros
• Módulo F - 150 Euros
• Módulo H - 180 Euros
• Módulo I - 180 Euros
Caso opte por frequentar os módulos C, D e F (programas integrados) pagará 400,00 euros.
INSCRIÇÕES: De 1 de Outubro a 30 de Novembro.
Mais informações
anamartins@reit.up.pt
rrodrigues@reit.up.pt
(LN)
domingo, 5 de outubro de 2008
Estados Eróticos Imediatos de Soren Kierkegaard
...em cena no TCA até 31 de Outubro, pela Seiva Trupe. De Agustina Bessa-Luís. Encenada por Roberto Merino. Com pormenores - a descobrir - que fazem lembrar algumas ideias da Lila para o nosso Quinto Império. Advertência: torna-se difícil resistir à tentação de tentar decorar frases soltas do texto.
Esta vale mesmo a pena. É um bom regresso à plateia - o mote para, depois do Silêncio, fazermos as pazes com o teatro.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
O Padrinho
A Associação Jurídica do Porto vai organizar um jantar debate no dia 15 de Outubro, pelas 20,30 horas, no Restaurante Portucale, sito na Rua da Alegria, 598, no Porto, com a presença do Conselheiro Laborinho Lúcio, sob o tema “Entre a Teia e o Pano”.
Em virtude de existirem inscrições limitadas, o formulário de inscrição, remetido em anexo, deverá ser destacado, preenchido e devolvido até ao próximo dia 10 de Outubro (data até à qual os associados terão preferência na inscrição) para a seguinte morada: Rua Barão Forrester, 693 – 2º, 4050-273 Porto, acompanhado do pagamento correspondente a € 30,00 por pessoa para associados, e de € 35,00 para não associados.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
These Words Are Not My Own
http://www.ccb.pt/sites/ccb/pt-PT/Programacao/Danca/Pages/BoxNova3times.aspx
.
25.10.2008 @ CCB
Com Alfredo Martins e outros
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Willkommen
TAFDUP
Músicas que encheram o átrio da FDUP hoje de manhã (recepção ao primeiro ano)
(Tuna Académica de Medicina)
(Legislatuna)
terça-feira, 16 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Diálogo
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a acção humana pelo mundo fora
Nada tiramos e nada pomos;
passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias."
Alberto Caeiro
" O tempo nasce com o nascer do sol. Todos os dias nasce o tempo"
Pedro Tamen
domingo, 14 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Outro poema dos dons - Jorge Luís Borges
pela diversidade das criaturas que formam este singular universo,
pela razão, que não cessará de sonharcom um plano do labirinto,
pelo rosto de Helena e a perseverança de Ulisses,
pelo amor que nos deixa ver os outroscomo os vê a divindade,
pelo firme diamante e a água solta,
pela álgebra, palácio de precisos cristais,
pelas místicas moedas de Angel Silésio,
por Schopenhauerque decifrou talvez o universo,
pelo fulgor do fogo que nenhum ser humano pode olhar sem um assombro antigo,
pelo acaju, o cedro e o sândalo,
pelo pão e o sal,
pelo mistério da rosa que prodiga cor e não a vê,
por certas vésperas e dias de 1955,
pelos duros tropeiros que, na planície, arreiam os animais e a alba,
pela manhã em Montevideu,
pela arte da amizade,
pelo último dia de Sócrates,
pelas palavras que foram ditas num crepúsculo de uma cruz a outra cruz,
por aquele sonho do Islão que abarcou mil noites e uma noite,
por aquele outro sonho do inferno, da torre do fogo que purifica e das esferas gloriosas,
por Swedenborg, que conversava com os anjos nas ruas de Londres,
pelos rios secretos e imemoriaisque convergem em mim,
pelo idioma que, há séculos, falei em Nortúmbria,
pela espada e a harpa dos saxões,
pelo mar que é um deserto resplandecentee uma cifra de coisas que não sabemos e um epitáfio dos vikings,
pela música verbal da Inglaterra,
pela música verbal da Alemanha,
pelo ouro que reluz nos versos,
pelo épico Inverno,
pelo nome de um livro que não li: Gesta Dei per Francos,
por Verlaine, inocente como os pássaros,
pelo prisma de cristal e o peso de bronze,
pelas riscas do tigre,
pelas altas torres de S. Francisco e da ilha de Manhattan,
pela manhã no Texas,
por aquele sevilhano que redigiu a “Epístola Moral”e cujo nome, como ele teria preferido, ignoramos,
por Séneca e Lucano, de Córdova, que antes do espanhol escreveram toda a literatura espanhola,
pelo geométrico e bizarro xadrez,
pela tartaruga de Zenão e o mapa de Royce,
pelo odor medicinal dos eucaliptos,
pela linguagem, que pode simular a sabedoria,
pelo esquecimento, que anula ou modifica o passado,
pelo costume, que nos repete e confirma, como um espelho,
pela manhã, que nos depara a ilusão de um princípio,
pela noite, sua treva e sua astronomia,
pelo valor e a felicidade dos outros,
pela pátria, sentida nos jasmins ou numa velha espada,
por Whitman e Francisco de Assis, que já escreveram o poema,
pelo facto de que o poema é inesgotável e se confunde com a soma das criaturas e jamais chegará ao último verso e varia segundo os homens,
por Frances Haslam, que pediu perdão a seus filhos por morrer tão devagar,
pelos minutos que precedem o sonho,
pelo sonho e a morte, esses dois tesouros ocultos,
pelos íntimos dons que não enumero,
pela música, misteriosa forma do tempo.
Jorge Luis Borges
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
domingo, 31 de agosto de 2008
A Esfera Jurídica*
Identifico-me com o pobre senhor, vocês não?
*Roubei daqui
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
"Por motivos talvez claros o prazer é o que nos torna os dias raros"
Fui hoje ao concerto dele no Du Art Lounge do Casino Estoril, no ciclo anual de concertos com entrada livre, às quintas feiras. Fazendo contas, cheguei à conclusão que nos últimos sete anos, é a terceira vez que o ouço lá. Hoje lembrei-me da data especial de cada uma das três muito precisas situações e o que tem piada é que os três concertos foram sempre nestes finais de Agosto, sempre nesta altura de pós férias, de intermezzos, de vontades ainda a saber a ano novo.
Cada uma dessas três vezes me deixou - enfim, vá, confesso, pronto, como noutro qualquer concerto dele - a alma cheia e um absurdo sorriso nos lábios (riam-se, mas estes são os únicos concertos em que - pasme-se - danço...).
Ora, caramba! Nós a pedir tanto à vida, a sentirmo-nos tão credores de tanta coisa que nos falta, tão cheios de magnas resoluções e depois a ficar apenas esmagados de puro gozo com duas horas a cantar as músicas de sempre, de puro momento de felicidade e de encantamento com o ressoar das palavras cá dentro (e ainda a ouvi-lo claramente a soprar ao ouvido, na viagem de volta a Lisboa pela Marginal...)
Agora podia "botar" aqui aquela do "brilhozinho nos olhos" mas "soube-me a pouco"; ou a do "hoje é o primeiro dia do resto da tua vida", mas essa é uma "frase batida" ;-). Mas fica uma das frases mais bonitas de uma outra música (Dias úteis): "por motivos talvez claros o prazer é o que nos torna os dias raros, por pretextos talvez fúteis a alegria é que nos torna os dias úteis" ... E hoje foi, nestes sentidos, um dia raro e útil.
Até para a semana, cheia de vontade de estrear "cadernos novos" e "casacos de malha".
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Turismo em Santiago
Teatro Nacional São João organiza viagem
no âmbito da apresentação de Turismo Infinito
em Santiago de Compostela
Turismo Infinito ©João Tuna/TNSJ
Após o êxito da digressão nacional que passou pelas cidades de Lisboa, Faro, Braga, Aveiro e Porto e da apresentação na La Comédie de Reims (França), no passado dia 29 de Abril, Turismo Infinito, espectáculo a partir de textos de Fernando Pessoa, com encenação de Ricardo Pais, vai ser apresentado nos dias 12 e 13 de Setembro, no Auditório de Galicia, em Santiago de Compostela.
No âmbito desta apresentação, o TNSJ está a organizar para o dia 13 de Setembro uma viagem a Santiago de Compostela para todos aqueles que quiserem acompanhar esta digressão à Galiza, proporcionando uma vez mais a oportunidade de ver ou rever o estranho e penetrante espectáculo de Ricardo Pais.
A partida será pelas 16h00 do TNSJ e o regresso será depois de terminada a peça (em principio pelas 00h00 espanholas), o preço da viagem com direito a assistir ao espectáculo será de 25 euros (a viagem só se realizará se houver um número mínimo de 30 pessoas interessadas).
Todos os interessados deverão contactar o departamento de Relações Públicas, até ao dia 8 de Setembro, através do número de telefone 223 401 951.
“Teatro em grande. (…) Um prodigioso texto de Fernando Pessoa magistralmente dirigido por Ricardo Pais. São momentos assim que nos enchem de orgulho em relação à cultura portuguesa, e de confiança nas suas potencialidades.”
Manuel Maria Carrilho – Diário de Notícias (12Jan2008)
“A complexidade da missão não atemorizou António M. Feijó e Ricardo Pais, a dupla a quem coube levar à cena Turismo Infinito. As dificuldades servem apenas para reforçar o evidente triunfo do espectáculo”
Sérgio Almeida - Jornal de Notícias (14Dez2007)
“A cabeça viajante de Pessoa na mão hipnótica de Ricardo Pais”
Marcos Cruz – Dário de Notícias (7Dez2007)
Turismo Infinito revela em todo o seu esplendor a arte poética de Pessoa”
Valdemar Cruz – Expresso (8Dez2007)
Rosalina Babo
Dep. de Relações Públicas
Tel. 223 401 951
Os nomes
Ela queria chamar-te afluente-de-junho, púrpura-onde-a-noite-se-lava, branca-vertente-do-trigo, tudo isto apenas numa sílaba.
Só ela sabia como se arranjava para o conseguir, meu-baiozinho-de-prata-para-pôr-ao-peito.
Assim te queria. Eu, às vezes.
Já não me lembrava desta doçura...
Obrigada Joana Neto pela recordação.
(lbc)
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Não há limites?
(LN)
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
"Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria"
Hoje conclui que o melhor sítio para procurar peças de teatro ainda é a Byblos...Precisávamos de estar lá todas a investigar e confrontar textos e ideias - da discussão nasce a luz...- durante umas horinhas. Para quando uma excursão direitoÀcena à capital? ;p
Inês, from Lisbon
terça-feira, 12 de agosto de 2008
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
sábado, 2 de agosto de 2008
Platónov
Parece-me inevitável que uma peça de 4 horas corra o risco de se tornar ou cansativa, ou enfadonha, ou repetitiva ou desinteressante - ou tudo junto. Antes de entrar na sala, passaram-me pela cabeça dois finais possíveis para a minha visita ao S.João: sair de lá a levitar, como me acontece sempre que vejo um bom filme, um bom concerto, uma boa peça,..., ou dar graças a Deus por ter acabado. Como diria a LN, coisas de juventude estas dos extremos! É claro que há quase sempre um meio termo, e Platónov personifica precisamente o meio termo entre uma peça 'tudo junto' e uma peça capaz de nos deixar levitantes, como eu acabaria por descobrir 4horas depois.
A qualidade dos actores é já tão inquestionável que mal serve como argumento a favor da peça na minha lista mental. O TNSJ habitua-nos mal. Eles são 16 e são realmente bons. Lembram-se da nossa querida peça, do nosso pequeno manicómio..? Pois bem, não imaginam o quanto ele me pareceu pequeno e são quando comparado com Platónov. Afinal até somos mais ou menos normais. 16 pessoas em palco, tantas vezes a falar ao mesmo tempo e bem alto - insanidade total. Eu já estava a ficar louca com tanta confusão, às tantas só me apetecia ser eu a pegar na pistola do Platónov e disparar, para ver se alguém punha um ponto final naquele rebuliço doentio. Interpretações incríveis.
A encenação, a cenografia, os movimentos, a luz, os figurinos e a música - a música! - são irrepreensíveis. Havia sempre alguém a tocar piano ou guitarra, baixinho. E bem. Quando havia movimentações na boca de cena, o resto do palco parava, mas de uma maneira linda. Era como se, com uma simples paragem, num carregar no botão off, num desligar a tomada da ficha, se formasse um quadro cheio de movimento. Uma das vantagens da peça ter 4 horas é precisamente haver tempo e vontade de desligar dos diálogos para reparar em certos pormenores que, numa peça mais curta, passariam, provavelmente, bastante mais despercebidos.
O problema da peça é a peça em si. Embora consiga arrancar algumas gargalhadas e tenha pormenores absolutamente brilhantes - e menos não se esperaria de Tchékhov - acaba por ser muito cansativa. Acho que é ponto assente que é cansativa! Agora, aquilo que a torna assim, essa opinião já diverge, com certeza, de pessoa para pessoa. A mim cansaram-me as repetições (ainda que propositadas) e o arrastar de um argumento que não tem 'sumo' para a duração que lhe foi dada. Para mim não tem, mas para outros terá até de sobra e outros outros verão nela um perfeito equilíbrio e consistência.
Ficam aqui duas coisas importantes que saíram da peça comigo - e estas não pecam por falta de 'sumo'. Uma já batida, mas cada vez mais verdadeira, e que me parece ser a principal ideia subjacente à mensagem de Platónov: A infelicidade de uns é a felicidade de outros. Outra que faz pensar - esta em especial para a Margarida, em honra das nossas intermináveis conversas sobre o assunto... assim que ouvi a frase apercebi-me que ela era a síntese perfeita para aquele que foi o problema que mais questões existenciais despertou em nós e que foi mote para longas horas de palavrar durante o ano que passou. O quão difícil e contraditório é 'ser jovem e não ser idealista' ;)
Espero que estejam todos somewhere de férias - vou sabendo de uns, de outros não sei nada - porque são merecidas. Não desfazendo, o Porto em Agosto é um paraíso. Amanhã, Herbie Hancock no Palácio...grátis. Adoro estes investimentos megalómanos na cultura, que não podemos sequer classificar como elitistas - quem à partida não gosta de Jazz (ou não conhece, ou não aprecia por aí além) não perde nada (excepto tempo) em ir experimentar.
Boas férias!
PS - Post número 100!
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Entro em férias daqui a duas horas
Fernando Pessoa
Boas férias tutti quanti.
L.
terça-feira, 29 de julho de 2008
sábado, 26 de julho de 2008
Milord!
Lembro-me de cantarolar esta música enquanto transportavamos cadeiras...estou com saudades. Quero trabalhar:)****
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Da blogosfera
Há sempre um tempo para partir, mesmo quando não há lugar para onde ir.
terça-feira, 22 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
À Joana Neto
.
Passei por esta na rádio ainda hoje.
Obrigada às meninas que me apresentaram a Casa da Música.
(lbc)
quarta-feira, 16 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Cinemateca
Uma vitória anunciada e festejada pelos promotores da petição online que muitos assinaram (e eu também).
Um resultado pelo qual o Cineclube da FDUP muito lutou.
Parabéns a todos!
Aguardemos agora as próximas cenas...
(lbc)
domingo, 13 de julho de 2008
Vidas 2
Dei a volta à vida toda - meu Deus. (...) Dar a volta por quanto existi - e exististe tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece, mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer.
Vergílio Ferreira, Para Sempre
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Livro do Desassossego (n.º 84)
Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, «Aquela rapariga parece um rapaz». Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela, «Aquela rapariga é um rapaz». Outro ainda, igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, «Aquele rapaz». Eu direi, «Aquela rapaz», violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. E terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito.
A gramática, definindo o uso, faz divisões legítimas e falsas. Divide, por exemplo, os verbos em transitivos e intransitivos; porém o homem de saber dizer tem muitas vezes que converter um verbo transitivo em intransitivo para fotografar o que sente, e não para, como o comum dos animais homens, o ver às escuras. Se quiser dizer que existo, direi «Sou». Se quiser dizer que existo como alma separada, direi «Sou eu». Mas se quiser dizer que existo como entidade que a si mesma se dirige e forma, que exerce junto de si mesma a função divina de se criar, como hei-de empregar o verbo «ser» senão convertendo-o subitamente em transitivo? E então, triunfalmente, antigramaticalmente supremo, direi, «Sou-me». Terei dito uma filosofia em duas palavras pequenas. Que preferível não é isto a não dizer nada em quarenta frases? Que mais se pode exigir da filosofia e da dicção?
Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente. Sirva-se dela quem sabe mandar nas suas expressões. Conta-se de Sigismundo, Rei de Roma, que, tendo, num discurso público, cometido um erro de gramática, respondeu a quem dele lhe falou, «Sou Rei de Roma, e acima da gramática». E a história narra que ficou sendo conhecido nela como Sigismundo «super-grammaticam». Maravilhoso símbolo! Cada homem que sabe dizer o que diz é, em seu modo, Rei de Roma. O título não é mau, e a alma é ser-se.
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
(LN)
quarta-feira, 9 de julho de 2008
terça-feira, 8 de julho de 2008
Porque
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.'
(Inês)
terça-feira, 1 de julho de 2008
Mais uma do Nando
Quase tudo falta
Por isso ninguém te cura
E morrer é que é ter alta"
Fernando Pessoa
(Quadras ao Gosto Popular, Volume IX, 1ª edição, 1965)
(LN)
domingo, 29 de junho de 2008
Acordos
(porque em casa da minha avó ainda não se tiram fotocópias - e não há 'disto' na internet...)
Posso combinar uma coisa com o senhor Pessoa:
ele que trate das suas pessoas, que as leve ao médico,
lhes dê de comer, e as meta na cama, às três,
sobretudo, e já agora às outras, se as houver,
que eu não me meto nisso. Pessoa,
basta-me a que tenho, e que já combinou
tudo com o Pessoa – mas o próprio,
de gabardine para não apanhar com a chuva
oblíqua no fato preto, e opiário no bolso
por causa do pagode marítimo.
Posso combinar outra coisa com o senhor Camões:
apanhe o avião para a Índia no terminal dos charters,
que são mais baratos; e veja se não fuma às escondidas,
que é proibido; e menos ainda ligue o telemóvel,
que interfere com os instrumentos de voo, mesmo
que precise muito de falar com a Natércia, ou com
a Leonor, ou com a Bárbara, ou qualquer outra das mil
e três que lhe infestam sonetos e canções. O
que eu quero dele é que me traga de Hong Kong (por onde
tem de passar a caminho de Macau) um Rolex
de imitação – no free-shop é mais barato.
E contigo, meu caro Pessanha,
quero combinar outra coisa: não me peças nada
para o Wenceslau. Deixa-o estar no Japão, que
está lá muito bem, e o caminho de volta
para a pátria não se recomenda a ninguém. E tu,
ópio à parte, ensina a nossa querida língua a uns
quantos chineses, mesmo que eles troquem os erres
pelos eles. No teu nome, Camilo, é que não
há troca possível. E se fores à gruta do Camões, leva
o piquenique: talvez não queijadas de Sintra
nem pastéis de nata, mas um frango de aviário
e batata frita (esquece o arroz, que é melhor
ao jantar, no chinês do costume).
Nuno Júdice