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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Boas Festas 2009


“Olha a vida e sorri. E não te perguntes para quê. Porque o mais extraordinário dela é justamente não ter para quê. Saber para quê é dar-lhe uma finalidade conclusa, limitá-la, fechar-lhe o seu excesso. Pensa assim que o seu absurdo é a sua maior razão. Nem desvaires em palhaçada, que é ainda uma forma de te doeres com ela. A gratuidade de uma oferta não é a sua maior valia? A vida não se te dá como uma esmola de senhora caritativa. A vida dá-se-te espontaneamente, sem razão alguma para esse dar. Não queiras inventar uma razão para a razão nenhuma disso. Haverá uma ordem no infinito, não a penses agora. Porque pensar nela é ainda achar uma razão. O teu destino encontrou-a, a essa vida, ela deu-se-te, passa adiante como ela passa, não perguntes nada, como ela não te perguntou. Houve o milagre do teu encontro e é tudo. A tua vida é o acaso sobre que não há que teres perguntas como a ave se não pergunta ao cantar ou a flor a florir num lugar onde ninguém passa. Não perguntes. Ou pergunta apenas para apenas saberes que perguntaste e que não valia a pena perguntar. E agora que perguntaste e não perguntas mais, concentra toda a tua energia e curiosidade e excitação, no ver, ouvir e sorrir para dentro, onde é o sítio do teu apaziguamento, por teres podido ver e ouvir. (…) Sê grato e contente. E cala.”
(Vergílio Ferreira, Pensar 296)

BOAS FESTAS!

LN

sábado, 5 de dezembro de 2009

"Não te queixes muito da rotina. Ela é o sucedâneo, mais à mão, da eternidade."

Vergílio Ferreira (Pensar, 429)

LN

terça-feira, 23 de junho de 2009

Releituras IV

"Houve um tipo que te amou que tu amaste. E isto perturba a ordem da Terra, dos astros em que o amor se nos ordenou.
(...)
Estou a ouvir a tua palavra oblíqua - que tolice. E todavia, vê tu, estou a ponto de construir no meu nada de tudo uma ideia de redenção com a memória de ti para esse nada que é meu.
(...)
Está uma tarde sufocante, vou deixar que ela se cumpra na sua fadiga e o sol se apague na noite. Voltarei a escrever-te - voltarei?


Vergílio Ferreira, "Cartas a Sandra"

(ln)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pausa

49. Para que percorres inutilmente o céu inteiro à procura da tua estrela? Põe-na lá.

(...)

98. Vir o sol e dizer bom dia. E a gente responder bom dia. E ele perguntar - mas alguém está a falar contigo?

;-)

(Vergílio Ferreira, Escrever)

(ln)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não se pode mesmo cancelar a peça?

Sugestão cinéfila: Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004)

Não é voltar atrás o que eu queria. Todos sabem que não se pode voltar atrás, nem se pode continuar o que se começou. (...) É outra coisa, outra vida. (...) É preciso dar tempo ao tempo (...). Eu não gostava nada. Dar tempo ao tempo? Já reparaste o tempo que o tempo demora a passar, não achas que é mais do que suficiente? Porque é que queres dar mais tempo ao tempo? Achas que ele precisa de ajuda?
Pedro Paixão, Histórias Verdadeiras

Porque não é quando eu quero que tu apareces, és tu que decides, suponho. Ou um deus que nos protege com um sorriso. (...) Se tu viesses. Ainda que trouxesses a tua pequena ruga de irritação. E se te sentasses aqui comigo (...) a ouvir a tempestade. (...) E inventássemos a harmonia de estarmos assim um com o outro (...) a ouvir a chuva e o vento. E ficarmos assim em silêncio por já termos dito tudo.
Vergílio Ferreira, Cartas a Sandra

(...) Depois, quando já era tempo de voltarmos e havia vontade e havia saudade e aquilo começava a doer, começámos a procurar as palavras na cabeça, repetindo-as para dentro, como um ensaio, e já não eram palavras que chegassem e continuámos calados sem nos falar. (...) As primeiras palavras (...) nunca vêm a propósito. As últimas também.
Pedro Paixão, Histórias Verdadeiras
(ln)

domingo, 13 de julho de 2008

Vidas 2


Dei a volta à vida toda - meu Deus. (...) Dar a volta por quanto existi - e exististe tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece, mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer.



Vergílio Ferreira, Para Sempre