quarta-feira, 31 de outubro de 2007

November

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In Free Flow (2000)

(lbc)

O Guardador de Rebanhos (partes V e VI)

(...)
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das cousas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
VI
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
(...)
Alberto Caeiro
Escrito entre 1911 e 1912
(lbc)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

(ln)

Menino da sua mãe

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece

Raia-lhe a farda o sangue
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve
Dera-lhe a mão. Está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece")
Jaz morto, e apodrece,
O menino de sua mãe.

Fernando Pessoa

in Pássaros do Sul, 1987
Música: Mafalda Veiga

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Trompe L'oil

“Lembras-te jóia, daquele bacalhau
que comemos em Viana do Castelo?
Parece que foi ontem mas já lá vão dez anos.
Ainda tinhas tu muito cabelo.

Chovia nesse dia. Bem me lembro.
Deixaste no comboio o guarda-chuva.
Quem te mandou levar a viagem toda
a fazer olhinhos à viúva?

Contos largos… Mas quando o bacalhau,
como tu disseste, deu à costa,
esqueceste a viúva e o guarda-chuva
e perguntaste e mim: góta num góta?

Oh jóia, e o azeitinho? Aquilo sim!
P’ra comer só no Norte, só no Norte.
E depois… na pensão… os pés juntinhos…
Foi mais forte que nós. Muito mais forte.”


In Biblioteca Infernal (2006)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Post de QUASE fim de semana

“Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal,
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é, quando há bruma
esperar por D. Sebastião,
quer venha ou não!
Grande é a poesia,
a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar, e o sol que peca
só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto,
é Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças,
nem consta que tivesse biblioteca...”

Fernando Pessoa
(in Biblioteca Infernal)

(ln)

Me gustas cuando callas


"Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.


Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.


Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.


Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.


Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto."



In Mulher ao Espelho (2004)

Ao Pablo, que docemente o disse em Português e nos deixou a "borboleta de sonho"...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Ricardo Reis

Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,


Que quando te puserem

Nas mãos o óbolo último,


Ao abrirem-te as mãos

Nada te cairá.


(...)


Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.

Colhe as flores mas larga-as,

Das mãos mal as olhaste.


Senta-te ao sol. Abdica

E sê rei de ti próprio.


(Odes de Ricardo Reis)

(iv)

Cartaz

Ricardo II de Wlliam Shakespeare

Propõe-se ida ao Teatro.

Em cena, no Teatro Nacional de S. João (sala do TECA), Ricardo II, de William Shakespeare, com encenação de Nuno Cardoso.

Interpretação: António Júlio, Carlos Pimenta, Cátia Pinheiro, Daniel Pinto, Flávia Gusmão, Gonçalo Amorim, João Pedro Vaz, João Ricardo, José Neves, Luís Araújo, Marta Gorgulho, Nuno Cardoso, Pedro Gil, Pedro Pernas, Wagner Borges

Produção do Teatro Nacional D. Maria II, com uma duração aproximada de 3h15 com intervalo, estará em cena entre 31 de Outubro e 4 de Novembro próximos.

Quem se anima?

Para mais informações acedam a www.tnsj.pt


R Ricardo II é uma peça extraordinária. Vejam, Shakespeare é sobretudo apaixonante – assim como qualquer artista – quando as suas criaturas se põem a viver a sua própria vida e levam o autor contra a sua própria vontade. Henrique de Bullingbrook leva Shakespeare contra a sua própria vontade no decurso de cenas maravilhosas que Shakespeare não pode subscrever: isso dá à peça uma tensão extraordinária.
P
Shakespeare é evidentemente por Ricardo?
R
Absolutamente. E, contudo, tem de fazer justiça a Bullingbrook e, mais do que isso, deve torná-lo real, humano, de modo que, subitamente, Bullingbrook ganha vida e atrai a si uma boa parte da peça. Vê-se Shakespeare a tentar retê-lo: nada a fazer, Bullingbrook está lançado! Shakespeare é muitas vezes submerso pelas suas personagens.

Orson Welles – Excerto de “Entrevista com Orson Welles, por André Bazin, Charles Bitsch e Jean Domarchi”. In A Política dos Autores. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976. p. 252.

(lbc)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Lembrando a última apresentação do DireitoàCena

Lembrando a Biblioteca Infernal - de Zoran Zivkovic - que o Grupo estreou faz esta semana precisamente um ano.
«Jacinto empurrou uma porta, penetrámos numa nave cheia de majestade e sombra, onde reconheci a biblioteca por tropeçar numa pilha monstruosa de livros novos. [...] Que majestoso armazém dos produtos do Raciocínio e da Imaginação! Ali jaziam mais de trinta mil volumes, e todos decerto essenciais a uma cultura humana. Logo à entrada notei, em ouro numa lombada verde, o nome de Adam Smith. Era pois a região dos Economistas. Avancei — e percorri, espantado, oito metros de Economia Política. Depois avistei os Filósofos e os seus comentadores, que revestiam toda uma parede, desde as escolas pré-socráticas até às escolas neopessimistas. Naquelas pranchas se acastelavam mais de dois mil sistemas — e que todos se contradiziam. Pelas encadernações logo se deduziam as doutrinas: Hobbes, em baixo, era pesado, de couro negro; Platão, em cima, resplandecia, numa pelica pura e alva. Para diante começavam as Histórias Universais.«Mas aí uma imensa pilha de livros brochados, cheirando a tinta nova e a documentos novos, subia contra a estante, como fresca terra de aluvião tapando uma riba secular. Contornei essa colina, mergulhei na secção das Ciências Naturais, peregrinando, num assombro crescente, da Orografia para a Paleontologia, e da Morfologia para a Cristalografia. Essa estante rematava junto de uma janela rasgada sobre os Campos Elísios. Apartei as cortinas de veludo — e por trás descobri outra portentosa rima de volumes, todos de História Religiosa, de Exegese Religiosa, que trepavam montanhosamente até aos últimos vidros, vedando, nas manhãs mais cândidas, o ar e a luz do Senhor.» Eça de Queirós, A Cidade e as Serras

«[...] Comecei a reflectir sobre qual será a função de uma biblioteca. No início, no tempo de Assurbanípal ou de Polícrates, talvez fosse uma função de recolha, para não deixar dispersos os rolos ou volumes. Mais tarde, creio que a sua função tenha sido de entesourar: eram valiosos, os rolos. Depois, na época beneditina, de transcrever: a biblioteca quase como uma zona de passagem, o livro chega, é transcrito e o original ou a cópia voltam a partir. Penso que em determinada época, talvez já entre Augusto e Constantino, a função de uma biblioteca seria também a de fazer com que as pessoas lessem...» Umberto Eco, A Biblioteca
«A biblioteca nasceu segundo um desígnio que permaneceu obscuro para todos através dos séculos e que nenhum dos monges é chamado a conhecer. Só o bibliotecário recebeu o seu segredo do bibliotecário que o precedeu, e comunica-o, ainda em vida, ao bibliotecário ajudante, de modo que a morte não o surpreenda privando a comunidade daquele saber. E os lábios de ambos estão selados pelo segredo. Só o bibliotecário, além de saber, tem o direito de se mover no labirinto dos livros, só ele sabe onde encontrá-los e onde repô-los, só ele é responsável pela sua conservação. Os outros monges trabalham no scriptorium e podem conhecer o elenco dos volumes que a biblioteca encerra.» Umberto Eco, O Nome da Rosa
(ln)

Eco

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"Tão tarde. Adão não vem? Aonde iria Adão?
Talvez que fosse à caça; quer fazer surpresa com alguma corça branca lá da floresta.
Era plo entardecer, e Eva já sentia cuidados por tantas demoras.
Foi chamar ao cimo dos rochedos, e uma voz de mulher também, também chamou Adão.
Teve medo: Mas julgando fantasia chemou de novo: Adão? E uma voz de mulher também, também chamou Adão.
Foi-se triste para a tenda.
Adão já tinha vindo e trouxera as setas todas, e a caça era nenhuma!
E ele a saudá-la ameaçou-lhe um beijo e ela fugiu-lhe.
- Outra que não Ela chamara também por Ele."


in Miscelânea Poética(2000) e Mulher ao Espelho(2004)

(lbc)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Luzes

Em jeito de memória colectiva para a posteridade...

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Teatro da Vilarinha, Porto (Dezembro de 2002)
Fotos de Rui Cunha

(lbc)

Dizem que é uma espécie de apresentação!

1. As origens

O Direito à Cena - Grupo de Teatro da Faculdade de Direito da Universidade do Porto foi criado em 1999, com a finalidade de, envolvendo simultaneamente alunos e docentes, ajudar à construção de uma ideia de Escola mais integrada, mais completa e mais madura.

O desejo de constituir um grupo de teatro a Faculdade de Direito da Universidade do Porto fez-se sentir desde o início da própria faculdade, em 1995. Contudo, só no Verão de 1999 se deu o passo decisivo: a Associação de Estudantes, contando com o apoio financeiro disponibilizado pelo Instituto Português das Artes do Espectáculo e pelo Conselho Directivo da Faculdade, promoveu a participação de docentes e discentes num curso de formação de actores ministrado pelo Balleteatro, que decorreu entre 11 de Novembro de 1999 e 30 de Abril de 2000, e que culminou com a apresentação de "Free Flow", o trabalho final, na Balleteatro Auditório.

Foram assim lançadas as bases para a criação do Grupo de Teatro da Faculdade – que veio a designar-se
direitoàcena.

Após esta primeira fase de formação, estavam criadas as condições para a passagem à fase seguinte, de exteriorização, trabalhando para aqueles que dão sentido ao teatro: o público.
Essa maioridade correspondeu simbolicamente à apresentação da peça de estreia, em Dezembro de 2000: o Processo, de F. Kafka.

2. Os objectivos

O DireitoàCena, Grupo de Teatro da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, tem como objectivos privilegiados os seguintes:

a) formação
Representando a cultura e o ensino importantes veículos de formação, o Grupo de Teatro da FDUP propõe-se contribuir para o despertar da cidadania e da vontade de conhecer e aprender.
Apresentando através da expressão dramática problemáticas jurídicas, que têm um marcante e directo reflexo na comunidade em geral, mas não só, o Grupo deseja abordar temas e provocar a sua discussão, suscitando a vontade de participação na construção de uma melhor sociedade.
Por outro lado, através de actividades paralelas à peça, o Grupo tentará despertar o interesse do seu público para assuntos de interesse cultural, relacionados com a arte dramática (por exemplo: divulgação das obras escritas pelo autor da peça escolhida para representar, divulgação das peças em cena na cidade do Porto, organização de palestras e tertúlias com profissionais do teatro, promoção de recitais de poesia, etc).

b) descentralização da produção teatral

Uma das dificuldades que se apontam à formação de um público de teatro são as barreiras com que se defronta o teatro amador. Para trazer público ao teatro é preciso formá-lo e informá-lo. Nessa tarefa, os grupos de teatro amador encontram-se em posição privilegiada na medida em que surgem directa e naturalmente no seio do potencial mas não efectivo espectador, revelando-se com maior proximidade relativamente a este.

c) integração da comunidade universitária

Tomando consciência de que a comunidade universitária vive num meio que muito bem conhece e a recebe, é tempo de fazer o caminho inverso: dar à cidade que acolhe a Universidade oportunidade de a conhecer e de a viver.
Por isso, o Grupo de Teatro da FDUP, constituído por alunos, antigos alunos e docentes da Faculdade, propõe-se servir como elo de ligação entre a Universidade do Porto e a Cidade Invicta, dirigindo o produto do seu trabalho não só ao público universitário, mas também a todos os habitantes da área metropolitana do Porto.
Ainda neste sentido, o Grupo tenciona estabelecer protocolos de colaboração em áreas técnicas do teatro, tais como cenografia, som e luz e figurinos, com Escolas profissionais e técnicas na área do espectáculo da cidade do Porto e com as Faculdades de Arquitectura e Belas Artes da Universidade do Porto.

Trabalhos apresentados


Free Flow
Encenação: Jorge Levi
30 de Abril de 2000, no Balleteatro Auditório

Miscelânea Poética
Encenação: Alfredo Martins
23 de Maio de 2000, na Faculdade de Direito da Universidade do Porto

O Processo, de Franz Kafka
Encenação: Cláudia Marisa;
15 e 16 de Dezembro de 2000, no Teatro Latino, Porto.
Reposição: 15 e 16 de Março de 2001, no auditório da Academia Contemporânea do Espectáculo, Porto, 19, 20 e 21 de Maio de 2001

A Medeia, de Eurípides
Encenação: Roberto Merino
6 a 8 de Dezembro de 2001, no Teatro Latino, Porto.
Reposição: 22 de Maio de 2002, no T.Zero.Com , Porto, no âmbito do “Pó de Palco – I Festival de Teatro Universitário do Porto”

Sono Lento
Encenação: Alfredo Martins
12 a 14 de Dezembro de 2002, Teatro da Vilarinha, Porto

Mulher ao espelho
Encenação: DireitoàCena
17 e 18 de Maio de 2004, Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade do Porto

Biblioteca Infernal, de Zoran Zivkovic
Encenação: DireitoàCena
23, 24 e 25 de Outubro de 2006, Biblioteca Prof. Doutor Jorge Ribeiro de Faria na FDUP


Outras actividades
Organização de noites de poesia e de idas colectivas ao teatro.
Organização de workshops e actividades de formação.
Publicação de um boletim informativo, intitulado Sobre teatro ... um pouco.

O Grupo de Teatro é "apadrinhado" pelo Dr. Laborinho Lúcio.


Fizeram já parte do direitoàcena:

Alexandre Venade, Alfredo Martins, Ana Campos Pinto, Ana Pires, Angela Pinto, António Matos, Carlos Oliveira, Cláudia Bonucci Pereira, Claúdia Linhares, Diogo Feio, Inês Folhadela, Joana Guimarães, José Reis, Filipe Gabriel, Filipe Gaspar, Manuel Luis Gonçalves, Marta Palmeirão, Nuno Mendes, Pablo de Dios Crespo, Patricia Santos, Rui Cunha, Rute Almeida, Sofia Ramalho, Tomásia Moreira.

Não esquecemos a colaboração de:

João Fontes e Bruno Santos (Esmae), Luz e Som
Alunos do 2.º ano do curso superior de arquitectura da Escola Superior de Artes do Espectáculo e Prof. Telmo Castro, Maquetas de cena
Afonso Bianchi (FDUP), Luz e Som

Está na calha um trabalho sobre a Obra de Fernando Pessoa, a apresentar em Abril de 2008.

(lbc)