"Gosto de dizer. Melhor, gosto de palavrar."
Fernando Pessoa
Boas férias tutti quanti.
L.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
terça-feira, 29 de julho de 2008
sábado, 26 de julho de 2008
Milord!
Lembro-me de cantarolar esta música enquanto transportavamos cadeiras...estou com saudades. Quero trabalhar:)****
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Da blogosfera
http://ateondevaiscom1000euros.blogspot.com/
Há sempre um tempo para partir, mesmo quando não há lugar para onde ir.
Há sempre um tempo para partir, mesmo quando não há lugar para onde ir.
terça-feira, 22 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
À Joana Neto
.
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Passei por esta na rádio ainda hoje.
Obrigada às meninas que me apresentaram a Casa da Música.
(lbc)
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Passei por esta na rádio ainda hoje.
Obrigada às meninas que me apresentaram a Casa da Música.
(lbc)
quarta-feira, 16 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Cinemateca
António Pinto Ribeiro, ministro da Cultura, anunciou no passado Sábado, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a abertura, ainda sem data, de uma Cinemateca, no Porto.
Uma vitória anunciada e festejada pelos promotores da petição online que muitos assinaram (e eu também).
Um resultado pelo qual o Cineclube da FDUP muito lutou.
Parabéns a todos!
Aguardemos agora as próximas cenas...
(lbc)
Uma vitória anunciada e festejada pelos promotores da petição online que muitos assinaram (e eu também).
Um resultado pelo qual o Cineclube da FDUP muito lutou.
Parabéns a todos!
Aguardemos agora as próximas cenas...
(lbc)
domingo, 13 de julho de 2008
Vidas 2
Dei a volta à vida toda - meu Deus. (...) Dar a volta por quanto existi - e exististe tanto. Porque uma vida humana. Como ela é intensa. Porque o que nela acontece não é o que nela acontece, mas a quantidade de nós que acontece nesse acontecer.
Vergílio Ferreira, Para Sempre
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Livro do Desassossego (n.º 84)
Meditei hoje, num intervalo de sentir, na forma de prosa de que uso. Em verdade, como escrevo? Tive, como muitos têm tido, a vontade pervertida de querer ter um sistema e uma norma. É certo que escrevi antes da norma e do sistema; nisso, porém, não sou diferente dos outros.Analisando-me à tarde, descubro que o meu sistema de estilo assenta em dois princípios, e imediatamente, e à boa maneira dos bons clássicos, erijo esses dois princípios em fundamentos gerais de todo estilo: dizer o que se sente exactamente como se sente – claramente, se é claro; obscuramente, se é obscuro; confusamente, se é confuso; compreender que a gramática é um instrumento, e não uma lei.
Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, «Aquela rapariga parece um rapaz». Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela, «Aquela rapariga é um rapaz». Outro ainda, igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, «Aquele rapaz». Eu direi, «Aquela rapaz», violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. E terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito.
A gramática, definindo o uso, faz divisões legítimas e falsas. Divide, por exemplo, os verbos em transitivos e intransitivos; porém o homem de saber dizer tem muitas vezes que converter um verbo transitivo em intransitivo para fotografar o que sente, e não para, como o comum dos animais homens, o ver às escuras. Se quiser dizer que existo, direi «Sou». Se quiser dizer que existo como alma separada, direi «Sou eu». Mas se quiser dizer que existo como entidade que a si mesma se dirige e forma, que exerce junto de si mesma a função divina de se criar, como hei-de empregar o verbo «ser» senão convertendo-o subitamente em transitivo? E então, triunfalmente, antigramaticalmente supremo, direi, «Sou-me». Terei dito uma filosofia em duas palavras pequenas. Que preferível não é isto a não dizer nada em quarenta frases? Que mais se pode exigir da filosofia e da dicção?
Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente. Sirva-se dela quem sabe mandar nas suas expressões. Conta-se de Sigismundo, Rei de Roma, que, tendo, num discurso público, cometido um erro de gramática, respondeu a quem dele lhe falou, «Sou Rei de Roma, e acima da gramática». E a história narra que ficou sendo conhecido nela como Sigismundo «super-grammaticam». Maravilhoso símbolo! Cada homem que sabe dizer o que diz é, em seu modo, Rei de Roma. O título não é mau, e a alma é ser-se.
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
(LN)
Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, «Aquela rapariga parece um rapaz». Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela, «Aquela rapariga é um rapaz». Outro ainda, igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, «Aquele rapaz». Eu direi, «Aquela rapaz», violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. E terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito.
A gramática, definindo o uso, faz divisões legítimas e falsas. Divide, por exemplo, os verbos em transitivos e intransitivos; porém o homem de saber dizer tem muitas vezes que converter um verbo transitivo em intransitivo para fotografar o que sente, e não para, como o comum dos animais homens, o ver às escuras. Se quiser dizer que existo, direi «Sou». Se quiser dizer que existo como alma separada, direi «Sou eu». Mas se quiser dizer que existo como entidade que a si mesma se dirige e forma, que exerce junto de si mesma a função divina de se criar, como hei-de empregar o verbo «ser» senão convertendo-o subitamente em transitivo? E então, triunfalmente, antigramaticalmente supremo, direi, «Sou-me». Terei dito uma filosofia em duas palavras pequenas. Que preferível não é isto a não dizer nada em quarenta frases? Que mais se pode exigir da filosofia e da dicção?
Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente. Sirva-se dela quem sabe mandar nas suas expressões. Conta-se de Sigismundo, Rei de Roma, que, tendo, num discurso público, cometido um erro de gramática, respondeu a quem dele lhe falou, «Sou Rei de Roma, e acima da gramática». E a história narra que ficou sendo conhecido nela como Sigismundo «super-grammaticam». Maravilhoso símbolo! Cada homem que sabe dizer o que diz é, em seu modo, Rei de Roma. O título não é mau, e a alma é ser-se.
Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
(LN)
quarta-feira, 9 de julho de 2008
terça-feira, 8 de julho de 2008
Porque
'Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.'
(Inês)
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.'
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Inês)
terça-feira, 1 de julho de 2008
Mais uma do Nando
"A vida é um hospital onde
Quase tudo falta
Por isso ninguém te cura
E morrer é que é ter alta"
Fernando Pessoa
(Quadras ao Gosto Popular, Volume IX, 1ª edição, 1965)
(LN)
Quase tudo falta
Por isso ninguém te cura
E morrer é que é ter alta"
Fernando Pessoa
(Quadras ao Gosto Popular, Volume IX, 1ª edição, 1965)
(LN)
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