Teatro Nacional de S. João
"Turismo Infinito",
a partir de textos de Fernando Pessoa (onde é que tenho ouvido isto...?)
“Sou a cena viva onde passam vários actores representando várias peças.” A frase que Bernardo Soares escreve pelo punho de Fernando Pessoa é uma das muitas epígrafes possíveis de Turismo Infinito, espectáculo em que Ricardo Pais dobra a esquina de diversas sínteses, empreendendo uma viagem ao fulgurante universo de Fernando Pessoa. O impressivo dispositivo cénico concebido por Manuel Aires Mateus figura a psyche de Pessoa, “porto infinito” onde chegam ou de onde partem o guarda-livros Bernardo Soares, o histérico e futurista Álvaro de Campos, o interseccionista “Fernando Pessoa” e o bucólico mestre Alberto Caeiro. Também Ofélia Queirós – a mulher com quem o poeta teve o único envolvimento amoroso conhecido – é convocada pela dramaturgia finamente urdida por António M. Feijó, que supera a redutora clivagem entre “vida” e “obra”, e põe em relevo alguns ritmos maiores do universo Pessoa. De novo com João Reis no elenco quase residente do TNSJ, mas também com a inspirada inventividade de colaboradores que o acompanham desde 2003, Ricardo Pais experimenta a performatividade da(s) escrita(s) de Pessoa, tecendo um poderoso enredo de estímulos auro-visuais e pondo-nos em contacto com a obra de um homem que, de modo heróico, pretendeu – e conseguiu – “introduzir beleza no mundo”.
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Quem se anima?
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(lbc)
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